voltei gorda de tanto beber cerveja e ainda mais noiada com a imigração.
Estava de férias. Me, myself and my blog.
Pra falar a verdade o blog anda de férias já faz meses. Um
mísero post aqui, outro mais mísero ainda acolá e nessa vou empurrando com a
barriga pra não matar o bloguito de vez. Descobri que mais gosto é de ler os
blogs alheios do que escrever no meu. Mas não desistirei tão fácil assim dele.
Um dia ainda sonho poder contar para os meus poucos leitores sobre a minha
despedida no aeroporto, minha chegada em Montreal, minha busca por um teto, um
trabalho, um novo hobby, um boyfriend quebeca (por que não?), minhas novas
dores e delícias da vida.
Enquanto esses dias longínquos não chegam, sigo a praguejar
o maldito calor brasileiro (35°C nesse momento, ainda é inverno, não chove há
uns 80 dias aqui), a praguejar os malditos políticos brasileiros (hoje o
candidato a prefeito e seu vice foram no meu trabalho se apresentar e apertar a
minha mão. #édechorar! Faltou pouco pra eu perguntar pro vice - atual vereador,
se ele estava conseguindo comprar o leitinho das crianças com o aumento de
salário que ele se deu (de R$ 5 mil e tra lá lá para R$ 10 mil). Não vejo a
hora de poder praguejar o maldito inverno québécois e os malditos políticos
canadenses. Porque pelo que andei lendo por aí eles são mesmo todos iguais.
E para não dizerem que sou uma alma totalmente perdida quero
muito algum dia acreditar nos políticos (pelo menos um que seja), mas por enquanto
sigo descrente mesmo.
As férias: ah, foram
ótimas. Cansei pra caramba, andei muito, fiquei com calo no pé, voltei cheia de
sardas (brilhante idéia de ir pra Espanha no verão! Mas é que eu sempre sonhei
em conhecer a Espanha no verão, fazer o quê? Nem eu me entendo às vezes.) e
definitivamente concluí que nóis é pobre mais é limpinho. (ok, eu já havia
concluído isso outras vezes, mas é que cada vez isso fica mais evidente). Pelo
amor... a P&G, Unilever e cia tão comendo mosca: tem um mercado enorme de europeus que ainda
não foram apresentados ao desodorante, ao sabonete e ao sabão em pó!
Bom, mas voltando aos meus devaneios: eu tava com um certo
medinho de ir pra Europa nessa etapa do campeonato da imigração. É porque meu
objetivo número um sempre foi me mudar pra Europa e não pro Canadá. Mas
circunstâncias da vida e novas idéias na cabeça me fizeram tentar a sorte na
terra do sirop d’érable.
Aí fiquei com medo de ter uma recaída e me apaixonar pela
Europa de novo e ficar cheia de nóias na cabeça, pensando se o Canadá é mesmo o
que eu quero. Acontece que eu voltei ainda mais certa de que o Canadá é mesmo o
meu lugar. Qualquer coisa que eu fazia, qualquer lugar que eu ia, tudo o que eu
comprava eu sempre comparava com o Canadá. E ficava pensando: lá no Canadá é
melhor! Lógico que nem sempre no Canadá é melhor, por exemplo, lá não tem trem
de alta velocidade (já li que estão querendo implantar, mas to achando que vai
ser que nem esse trem Campinas, SP, Rio – não vai sair nunca!), mas “le coeur a
ses raisons que la raison ne connaît point”. Resumindo: passei a viagem inteira
pensando no Canadá. Eu só conseguia pensar em como o Canadá é mais organizado*,
as pessoas são mais educadas (muito mais educadas que os espanhóis com
certeza), as ruas são mais limpas... voltei com mais vontade ainda de pegar
logo esse visto e me mandar pro gelo.
E aí quando eu chego na terra tupiniquim, o aeroporto de Guarulhos
me recebe de braços abertos jogando na minha cara: bem-vinda ao Brasil! 50
minutos de fila (se é que podemos chamar assim) desde sair do avião até
chegar na esteira, onde as malas estavam todas amontoadas uma por cima das
outras, já sendo jogadas no chão por falta de espaço. O principal aeroporto do país que vai receber
a Copa em menos de dois anos não dá conta de receber 3 voos internacionais em
um intervalo de menos de uma hora. E aí mais uma vez eu só consigo pensar que
quando a Copa chegar eu já não estarei mais aqui. Será?
Aguardem as cenas do próximo capítulo, digo, post.
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rua da minha casita em Montréal no outono de 2010 |
*Tá certo que a Espanha não é o primeiro mundo do primeiro
mundo e que eles estão em crise (apesar de eu não ter visto a tal crise não,
exceto por alguns mendigos nas ruas, mas isso tem em toda cidade grande).
Bisous!