domingo, 20 de outubro de 2013

6 meses e alguns dias

Então vamos lá tirar o pó do blog, afinal fim de semana é sempre tempo de ménage.
Muito rolou desde a última vez que escrevi. Já faz mais de seis meses que cheguei e posso dizer que no geral estou satisfeita com a vida por aqui. É lógico que sempre existem os dias ruins, mas no geral eles não chegam a 10% do meu tempo. O que mais pega é a falta das pessoas queridas que não estão aqui comigo. Tem dias que eu passo muito tempo me imaginando no Brasil, com eles, jogando conversa fora e dando risada, como costumava ser... e posso dizer que é muito difícil você acompanhar a vida dessas pessoas à distância. Dá um aperto no peito, mas passa. Outro dia quase chorei no ônibus pensando que eu tava aqui, num país tão bom, tão mais justo, mais decente, mais seguro, e minha família lá no Brasil, passando medo, insegurança, pagando caro por tudo e recebendo tão pouco em troca. Mas não tem jeito: não é todo mundo que quer sair do seu país, mesmo com todos problemas que ele tenha. Não é todo mundo que tem a vontade, a coragem, a disposição e o desprendimento necessários para largar tudo e recomeçar do zero, com mil incertezas na cabeça e muito esperança no coração. E há de se respeitar. Eu sou a exceção e tenho que lidar com isso. Para se ganhar algo é preciso perder algo. Acho que esse sentimento de solidão e tristeza que bate às vezes está muito relacionado com o fato de eu estar aqui sozinha (dããã!!!). Fiz muitos amigos e eles são demais, pessoas maravilhosas, mas é diferente de quando você volta pra casa à noite e encontra a tua família alí. Porém esse foi um dos motivos que me fez vir pra cá: começar a minha família num lugar melhor, com mais oportunidades pros meus filhos (se eu os tiver), mais liberdade, mais segurança, enfim, todo aquele bla bla bla que todo imigrante conhece.

Bom, deixando de lado um pouco o sentimentalismo, vamos ao lado prático: estou trabalhando.
Não posso dizer que foi difícil consegui-lo. Comecei a procurar emprego em meados de julho, depois do fim da francisação, mandei vários CVs, me cadastrei em alguns sites, segui algumas das orientações da conseillère d'emploi, e duas semanas depois fiz minha primeira entrevista numa agencia de recrutamento. A RH disse no final que tinha uma vaga pro meu perfil e ia me indicar. Tive que fazer umas seis provas diferentes de inglês, francês, informática e afins, e uma semana depois fiz outra entrevista pra mesma vaga, já na empresa, com o diretor da área. Eu saí de lá pensando que tinha ido bem, o que era bom, mas que a vaga não era legal, o que era ruim, pois se seu passasse eu não ia ter coragem de dizer não e continuar desempregada e acabaria trabalhando com algo muito chato que não me estimula nem um pouco. E foi o que aconteceu. E pra piorar tudo eu moro em HOMA e trabalho em Ville St-Laurent, uma hora e meia pra ir e uma e meia pra voltar, todo santo dia. Ultimamente saio de casa ainda tá escuro e quando chego, já tá escuro de novo (pelo menos a janela do meu bureau é bem grande e consigo ver o sol a tarde toda). Pra quem tava acostumada à uma caminhada de 25 minutos pra ir ao trabalho, não é facil. Meu pior pesadelo se concretizou: perder três horas da minha vida todo dia no trânsito. Mas tenho que dizer que estou acostumando. Tenho lido muito durante o trajeto e quando o livro é bom, ajuda muito. Quando bate a tristeza, o desespero, o "o que que eu to fazendo aqui?", penso que isso é passageiro. Penso que ainda no Brasil eu imaginava que meu primeiro emprego ia ser tão ruim que mal daria pra pagar o aluguel mais o supermercado. E no fim das contas foi mais fácil do que esperava. O que não significa que esteja sendo fácil. Pois não está.
Estou feliz no trabalho? Não. Mas apesar de tudo agradeço todos os dias pelo fato de ter um trabalho que paga as minhas contas e que vai me ajudar no futuro a conseguir um emprego melhor.
Ainda procuro o pote de ouro no fim do arco-íris. Uma profissão nova que me faça feliz. Mas tá nada fácil achar. Like always I will have to compromise on something... we will see.

To achando que o post tá meio depressivo, então vamos falar de coisas mais alegres:
Adoro Montréal. Adoro andar pelas ruas da cidade, ver a vida passar, ver a paisagem.
E falando em paisagem: o outono! Lindo, maravilhoso. Sempre foi minha estação favorita, mesmo no Brasil, e aqui então, nem se fala. Fico babando nas árvores coloridas, tão lindo que só estando aqui para sentir como uma coisa tão "banal" como a mudança da estação pode ser tão maravilhosa. A natureza é mesmo incrível.
Adoro as mil opções de bares e restaurantes que a cidade oferece. Cada fim de semana tenho indo num bar diferente. O objetivo é nunca repetir o bar, até conhecer um número significativo deles (acho que vai levar pelo menos um ano). Adoro as várias opções de cerveja que encontro por aqui e já até não ligo mais para o fato de ter que beber cerveja sem pastel, calabresa, mandioca frita, picanha fatiada com catupiry e afins. Acho que é porque quando se bebe Itaipava você precisa de algo que ajude a cerveja a descer. Mas quando você pode escolher uma boa cerveja, você não precisa de acompanhamentos.
Obs: na minha cidade no Brasil, 90% dos bares só serviam uma marca de cerveja. Era aquela porcaria e pronto. Saudades zero!
Adoro as mil opções de entretenimento por aqui. Sempre tem algo pra fazer. Às vezes tem tanta opção que fica difícil conciliar tudo. Cinemas, galerias, exposições, shows... Mês passado fui num show não divulgado para somente 200 pessoas do Arcade Fire (graça aos amigos que ficaram na fila por mim) - lançamento do álbum novo "Reflektors". Duas semanas depois, ia no show do Stereophonics (que amo demais), mas chegando lá tinha um aviso que o show tinha sido cancelado na última hora!. Duas semanas atrás foi a vez de Kings of Leon, de graça, na Place des Arts. Essa semana tem Franz Ferdinand (ainda to pensando se vou ou não), e ontem perdi o show da Lou Doillon (fiquei sabendo na ultima hora, não tinha mais ingresso :( !!!). Fora todos os outros concertos de artistas não tão conhecidos que rolam todos os dias em algum canto da cidade.
Adoro a localização da cidade, entre Toronto, Ottawa, Québec e os EUA. Estou louca pra por o pé na estrada e passar um fim de semana em cada canto, em cada ptt coin de la province. Há umas três semanas fui pra Mont-Orford, à convite dos amigos do Voilà Pourquoi, ver as lindas cores do outono, fazendo hiking - pela primeira vez desde que cheguei. Foi maravilhoso e voltei decidida a explorar mais os parques e as cidades do Québec. Fim de semana passado foi feriado de Ação de Graças e fui pra New York... tão fácil! Foi ótimo passear um pouco e aproveitar os precinhos mais em conta dos EUA pra comprar meu casaco de inverno e outras coisinhas mais.

Parc National du Mont-Orford


Adoro as bibliotecas de Montréal. Não tem nem muito o que comentar. Amo demais.
Estou começando a adorar bacon, manteiga de amendoim, maple, poutine e outras gordices canadenses. Fora que ultimamente só como chocolate se tiver caramelo junto. E por incrível que pareça ainda não senti falta de churrasco, bolinha de queijo, pastel, mandioca, brigadeiro, bolo de chocolate da doceria da família, do peixinho grelhado do meu almoço de quase todo dia entre outros. Às vezes bate aquela vontadinha mas nada desesperador. E depois, já fui em várias festinhas de brasileiros com guloseimas brazucas que mataram as lombrigas.
Adoro a educação das pessoas por aqui. Lógico que sempre tem os mal educados, em todo lugar né, mas no geral o povo é bem mais educado e simpático que no Brasil. Sim, simpático. No trabalho eu fico sempre besta de ver como o povo em geral é simpático, sempre se desculpando por incomodar (coisa de canadense, e eu sou exatamente assim), sempre elogiando pequenos gestos, pequenas ações... muito diferente do que eu estava acostumada. E quando preciso falar com algum service à la clientèle então? Nossa, no Brasil eu dava tudo pra não ter que ligar pra um telemarketing e aqui o povo que te atende é sempre tão mais eficiente, mais simpático, mais solícito. Não vou dizer que isso seja a regra, mas comigo 80% das vezes foi assim.
Bom, e como eu adoro passar o meu fim de semana fora de casa, vou terminando o post por aqui porque a vida não me espera e tem coisas mais interessantes do lado de fora da maison pra fazer.

Ah, e uma mensagem pros colegas que estão esperando seus processos terminarem, angustiados aí no Brasil: força, coragem. Logo termina. E a recompensa será enorme! A espera vale a pena.

Bisous!



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Custo de vida

Bonjour Hi!

Bom, como prometido eu vou falar um pouco sobre o preço das coisas por aqui.
Todo mundo sabe que custo de vida depende muito de cada pessoa, cada um tem um padrão de consumo diferente e no final os valores podem variar enormemente.
O que eu pretendo escrever é sobre os custos básicos, coisas que provavelmente ninguém vai querer ou poder ficar sem. E lógico, dentre cada um desses itens há milhares de variações de preço.



1. Habitação
É pra onde vai a maior parte da grana. Morar custa caro (apesar de Montréal ser uma "cidade baratinha" nesse aspecto). Se você é sozinho, como eu, aí ferrou! Não tem com quem dividir as despesas, mas também não tem briga pelo controle remoto! A opção pra baratear é alugar um quarto ou dividir apê e aí chovem anúncios no craigslist e kijiji. Os preços podem ir de uns 300 dólares até 750, mas a média fica em 500 dólares por mês, com tudo incluso. O lado ruim é que você nunca saberá se cairá numa cilada até cair. Mas pode ser que você acabe num lugar super legal e conheça ótimas pessoas. You gotta take your chances.
Se quiser alugar um apê só pra você aí os custos aumentam, mas se for um 1 1/2 dá pra achar por uns 500 dólares também. A partir daí, cada cômodo custa geralmente uns 100 dólares a mais por mês, lógico, com suas variações. E lógico que dependendo do bairro. Esses preços são uma média de apartamentos moráveis, sem luxo algum, em bairros moráveis de Montréal. Não é o preço de Outremont e Westmount nem o preço de um moquifo lá na pqp onde nem o trem chega. Tirando os bairros da moda e dos ricos (que vão ser sempre caros) o preço sempre tende a aumentar quanto mais perto do centro você estiver.
E pra saber o custo de um apê do jeito que você quer e no bairro que você quer, aconselho visitar o Padmapper.

Outro ponto interessante a ressaltar é se o apê já vem com energia, água quente e calefação inclusos no aluguel. Se sim, tant mieux. Se não, não se esqueça de considerar estes valores na hora de fazer as contas.
Meu apê não têm estes custos inclusos e este mês chegaram as primeiras faturas!!! Medo!
Tenho que pagar 12 dólares por mês para a  HydroSolution pelo aluguel do chauffe-eau (um equipamento que aquece a água) e mais x por mês para a Hydro-Québec, cuja primeira conta é bem salgada pois é cobrado um valor de 50 dólares (plus taxes) para a abertura do seu dossie. Mas o que me preocupou mesmo foi o consumo, que foi o dobro do da inquilina anterior. Estou já imaginando o quanto essa conta vai me custar no inverno. E olha que eu tento economizar o máximo possível!
Ah, e pra finalizar um conselho de amiga: se possível, alugue um apê com entrada pra lavadora - secadora. Lavar roupa na lavanderia (seja ela do prédio ou não) é uma m****. Sua roupa só vai ficar molhada e não limpa!

2. Internet, TV, telefone
Aqui no Québec quase todo mundo tem Bell ou Videotron. Acho que deve existir outra(s) operadora(s) de tv, internet etc, mas eu desconheço. No site deles tem os preços de todos os serviços, sejam eles separados ou em bundles. Agora, a dica é ficar de olhos bem atentos pois existe uma guerra entre as duas e sempre tem altas promoções. Se você ficar esperto pode conseguir um bom desconto.
No meu caso uma amiga me avisou de uma promoção relâmpago da Bell e consegui um bundle internet ilimitado + TV com canais de base + 30 canais à escolha pelo mesmo preço apenas da internet. Mas não tenho telefone residencial (e não faz nenhuma falta). E pra quem não sabe aqui os pacotes de TV são sempre HD e quase todos vem com um equipamento para você gravar o programa que quer e assistir depois. No Brasil, eu tinha que comprar o pacote mais caro para ter essa opção de gravação e ainda pagar mais R$ 40,00 por mês por isso. Quanto ao serviço de internet não tenho do que reclamar até agora. Minha velocidade é a menor dentre as opções e mesmo assim é bem mais rápida que a internet que eu tinha no Brasil que teoricamente era o dobro dessa que eu tenho aqui. Até agora não tive problemas com queda de sinal ou qualquer outra coisa, tanto da TV quanto da internet.

3. Celular
Bom, minha base de comparação para custo de celular é meio nula, pois no Brasil eu tinha um pré-pago da TIM que eu fazia questão de esquecer no fundo da bolsa e recarregava a cada três meses pra não perder a linha (não sou uma pessoa ultra-tecnológica, acho que já deu pra perceber faz tempo né). Mas mesmo assim eu sei que celular custa caro no Brasil. Aqui também. O fato de você pagar as ligações entrantes é muito irritante, mas temos que dançar conforme a música né. Aqui existem muitas operadoras, mas na verdade o mercado é dominado por poucas empresas pois a Fido é da Rogers, a Koodo é da Telus e a Virgin é da Bell. E tem a Public Mobile também. Enfim, infinitas opções de escolha de planos e aparelhos. A diferença aqui é que você faz um plano de 2 ou 3 anos e sai com um bom aparelho de graça ou um ótimo aparelho por 150 dólares tops. Os planos mensais também podem variar bastante, inclusive na mesma operadora, de um mês para outro mudam as promoções e com isso os valores dos planos também. Mas em geral com 60 dólares por mês dá pra ter um celular legalzinho com muitos minutos pra falar e um plano de dados decente. Agora se você consome muitos dados talvez tenha que pegar um plano mais caro. Mas antes de comprar o mais caro lembre-se que aqui tem wi-fi free em tudo quanto é lugar!

4. Supermercado
Esse item é muito difícil de colocar um preço e todo mundo sabe as razões. Pra simplificar: eu sozinha gasto uma média de 150 dólares por mês no supermercado. Atenção: não esbanjo. Só compro o que tá na promoção! Sim, dá pra fazer boas compras apenas com os itens na promoção. Tenho evitado comprar "besteiras", coisas industrializadas demais, as famosas porcarias tão gostosas de comer e tão pouco nutritivas. Compro o básico, me dou de presente algumas coisinhas mais caras e diferentes de vez em quando, mas sem sair do budget. Só lembrando que eu não compro muitos produtos lacteos, que são considerados caros aqui, nem alcoólicos (que eu deixo pra comprar no bar! haha) e dizem os outros que eu como feito um passarinho!
Dica: neste site tem as circulaires de todos os supermercados. É só fuçar lá pra saber quanto custam as coisas por aqui.

5. Lazer
Outro item que não dá pra por preço. Você pode gastar muito ou pouco, dependendo dos teus hábitos. Este item pode facilmente devorar seu orçamento se você não tiver um certo controle.
Aqui existem muitas opções de lazer gratuitas, mas mesmo assim sempre acaba-se gastando um pouco. Você sai de casa e sempre compra uma água, uma cerveja, toma um sorvetinho, enfim, nunca fica no 100% gratis. Se for pra bares e restaurantes então, tem além do impostinho amigo de 15% o pourboire de 15%, totalizando sempre 30% a mais do que o valor inicial.
Mas pra exemplificar vou listar o preço médio de alguns itens:
Cinema: 13,00. Se for IMAX 20,00 (de terça o cinema custa quase metade do preço)
Shows, Teatros, Ballets, Eventos esportivos etc: variação gigantesca de preços. No site da evenko tem o preço de tudo que rola na cidade
Exposições: 25,00
Entrada para atrações turísticas: 15,00
Pichet: 13,00 (depende muito do bar e da cerveja, mas gira em torno disso)
Sorvete: 5,00 (tamanho médio)
Mas só lembrando que lazer é fundamental e não podemos, mesmo tendo que economizar no começo, abrir mão de sair, passear, nos divertir. Se não a vida não tem graça!

6. Transporte
O sistema pública de transporte daqui é bom, não é perfeito como nada no mundo, mas funciona bem legalzinho. Comprar apenas um bilhete de ônibus/metrô é caro (3 dólares) mas pra quem usa sempre o ideal é comprar o passe mensal que te dá direito a usar os ônibus e metrôs quantas vezes quiser no mês pelo valor fixo de 77 dólares. Também existem muitas outras opções de bilhetes que podem ser consultadas no site da STM. Pra quem anda de bike existe a opção do bixi e a opção do OPUS + bixi, que acaba saindo com um bom desconto. (eu não sei os preços mas no site da STM tem tudo explicado).
Agora, pra quem vai querer anda de carro, vou ficar devendo pois não tenho carro e não tenho também intenção de comprar um carro, desconheço os valores de seguro, o preço dos pneus de inverno, de estacionamento etc. A gasolina eu sei que hoje tá valendo 1,37 o litro mas acho que em cima desse valor tem impostos e uma taxa que não sei o nome.
Vale lembrar que comprar um carro aqui é facil, o problema é mantê-lo!

7. Mobília da casa
Nem vou escrever muito: você pode comprar tudo novo em lojas como Ikea, HomeDepot, The Brick, Leon, Brault & Martineau, BestBuy, FutureShop, e lojas chiquetosas de design espalhadas pela St-Laurent ou comprar usado dos vários brasileiros que vendem tudo quando se mudam pra uma casa maior/menor ou voltam pro Brasil ou ir à caça no Craigslist e Kijiji. Aí vai da curiosidade de cada um fuçar e ver o preço das coisas.

8. Roupas de inverno
Ainda não comprei, ainda não pensei nisso e se Deus quiser quando o momento necessário chegar eu vou estar trabalhando.

No geral é isso. Existem muitos outros gastos que vão sendo adicionados no orçamento ao longo do mês, dependendo do modo de vida de cada um.
Uma coisa sempre importante a se considerar é: lembrar que todos esses preços são sem os impostos (tirando aluguel), então tudo vai ficar 15% mais caro. E que existem muitas e muitas deduções no seu holerite!

E para quem possa interessar, uma matéria da Gazette explicando um pouquinho mais sobre o salário mínimo no Québec.

Espero que essas informações sejam de serventia pra alguém.
Bisous!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

4 meses de coisas boas para contar

Oi pessoas,

Voltei pro blog. Sempre penso nele mas nunca venho aqui pra escrever. Hoje eu vim. Ontem comemorei meus quatro meses de Canadá, e em grande estilo: assistindo a final da Coupe Rogers, quer mais o quê?

Com certeza ninguém se lembra deste post, mas eu lembro. Em 2011 eu já sonhava que em 2013 veria um jogo da Coupe Rogers e não é que acabei vendo vários? Nem nos meus melhores sonhos eu esperava por essa. Me inscrevi como voluntária do torneio e além de poder ajudar e dar minha contribuição eu ainda consegui assistir vários jogos sem pagar nada, inclusive uma semi final entre Djokovic e Nadal!
Foi muito legal poder estar tão perto desse mundo do tênis, que eu adoro, e ver como é trabalhoso organizar um evento deste porte. Só me deu mais vontade ainda de trabalhar com isso, mas essa estória de trabalho eu vou deixar pra outro post.

Semi-final entre Djokovic e Nadal, que venceu e ficou com o título


Fora isso e a maldita alta do dólar, tudo anda mais ou menos dentro do esperado. Estou procurando emprego, fiz umas poucas entrevistas, e apesar de estar esperançosa e confiante de que o emprego vai chegar eu sigo completamente indecisa no que diz respeito ao que quero de verdade fazer da vida. Bom, eu sei que a hora que eu decidir, eu mudo de idéia e assim será talvez por toda a vida. Enfim, como já disse, outro post.

Sobre custo de vida acho que vou fazer um post só para isso. Assim fica mais fácil pra quem não chegou ainda e quer saber quanto tá custando viver por essas bandas.

A cidade continua oferecendo várias opções de divertimentos gratuitos mas agora em menor quantidade. Essa semana mesmo vai rolar Orchestre Symphonique de Montréal no Stade Olympique de graça e eu obviamente estarei lá.

Ando com vontade de conhecer mais a ilha, ou mesmo sair da ilha, mas por enquanto só tenho me permitido programas gratuitos e isso limita um pouco as opções. Mas assim que der, nos próximos fins de semana pretendo dar umas exploradas por lugares nunca dantes caminhados.

O tempo tem passado bem rápido e até agora nenhuma surpresa ao longo do caminho: há dias em que estou homesick, coração apertado, me pego me imaginando no Brasil com a minha família... mas passa. Tem dias que também bate uma certa angústia, acho que o fato de você não ter a menor idéia de quando vai ter emprego, quando vai conseguir um break-even, o fato de não saber se está indo pelo caminho certo e tomando as decisões mais corretas. Mas logo depois eu saio de casa, vejo os amigos, dou risada, passeio, me lembro de que já fiz mais coisas bacanas aqui em quatro meses do que nos meus últimos quatro anos no Brasil, converso com minha irmã que me conta sobre o aumento dos atos de violência onde morava... Aí eu olho em volta e vejo essa calmaria toda, bem, aí é a hora da angústia dar lugar ao alívio e à alegria.

O post já ficou grande, é hora de ir. Prometo que essa semana escrevo mais.
Bisous!

terça-feira, 23 de julho de 2013

C'est l'été: on sort!

Olá leitores que nem devem mais lembrar que este blog existe.
Eu sumi... tava curtindo o verão. Ainda estou e estarei enquanto ele durar.
Não vou falar que tava sem tempo de escrever. Eu tava é com preguiça. Tá certo que tá bem corrido por aqui, mas sempre sobra tempo. E quando sobra tempo eu to na rua curtindo o que a cidade tem pra oferecer. E tem muita coisa. Todo mundo já sabe que Montréal ferve no verão (literalmente também. Semana passada a sensação térmica chegou a 43ºC), mas eu juro que não imaginava o quanto de atividades gratuitas rolam por aqui. Se quiser você pode sair todo dia pra fazer alguma coisa diferente sem pagar nada. E eu, imigrante pobre sem trabalho tenho mais é que aproveitar tudo isso, porque além de ser gratuito ainda por cima é bom. É tudo super organizado, tranquilo, feito para todas as idades e gostos diferentes.

E quanto ao resto: já vai fazer 3 meses e meio que cheguei. To muito satisfeita e feliz com tudo. Tem dias que saio de casa, olho à minha volta e fico pensando "como eu adoro essa cidade". A única coisa chata é que toda vez que penso isso eu sinto uma vontade enorme de mostrar tudo o que Montréal tem de legal pros meus amigos, minha família, mas eles não estão aqui. Ficar longe realmente é o pior de tudo. Aliás, pra mim, a distância dos meus queridos é a única coisa ruim até agora (fora a alta ridícula do dolar que está me matando!!!).

Esse mês eu me mudei pra um apartamento só meu. Não via a hora. Minha coloc era legal mas digamos que o padrão de limpeza dela não era bem aquele que eu gostaria, ou melhor, era nulo, e com o passar do tempo isso foi me incomodando muito. Agora me sinto muito mais livre, morando no meu cantinho e cuidando das coisas do meu jeito. Fui várias vezes na Ikea e graças à ajuda de vários amigos a casa já tá quase no jeito. Ainda falta comprar o sofá e instalar as cortinas, mas nada que esteja me fazendo muito falta neste momento. E depois que eu estiver trabalhando vou ficar mais à vontade pra gastar um extrinha com decoração, que pra mim faz toda a diferença entre uma casa e um lar. Umas plantinhas, uns quadrinhos, vasinhos, mimos desnecessários totalmente necessários.

Minha francisation terminou esse mês e como perdi os prazos pra me inscrever no francês escrito, vou ficar sem estudar até setembro, quando começa o curso de Français d'affaires que quero fazer. A meta agora é procurar emprego. Confesso que não consegui focar 100% ainda mas to chegando lá. Eu meio que abandonei minha conseillère en emploi e ainda não decidi se volto a procurá-la, se vou diretamente no CLE (onde não tive uma boa impressão quando estive lá), ou se procuro um Club de recherche d'emploi. Pra falar a verdade não tenho vontade de nada disso. Queria procurar trabalho sozinha, em casa e pronto. Mas como em casa a preguiça e as distrações falam mais alto, fico pensando que talvez o Club de recherche seja a melhor solução pra mim, ainda que eu saiba que será bem difícil, visto que o método deles não tem nada a ver com o meu perfil de pessoa introvertida. Bom, ainda não resolvi e aceito sugestões.

E pra finalizar, preciso começar a fazer mais exercícios e acabar com essa vida de sedentária. Ainda não comprei a bicicleta que eu pretendia comprar antes de vir pra cá, quando vou ao parque é pra fazer pic-nic e não pra caminhar ou correr e nunca bebi tanta cerveja e tomei tanto sorvete como agora. Aí, já viu onde isso vai parar né!

E pra resumir os eventos em fotos:

Show do Radio Radio no Francofolies

Exposição do Chihuly no MBAM

The Scottish National Jazz Orchestra - JazzFest


A Midsummer Night's Dream - Shakespeare in the park

Montréal Complètement Cirque

Promenade nocturne au Vieux-Port
Bisous!

terça-feira, 11 de junho de 2013

Deux mois au Canada!

Salut!

De volta ao blog para a comemoração dos dois meses de Canadá.
É engraçado como eu sinto que faço menos coisas (produzo menos) aqui do que no Brasil, mas mesmo assim sobra muito menos tempo. Vai entender.

Bom, após dois meses aqui continuo muito contente e satisfeita com meu novo país. Do Brasil eu só sinto falta das pessoas, por enquanto. Talvez daqui um tempo eu sinta falta da mandioca que dava no quintal de casa e é a melhor mandioca do mundo, sinta falta do bolo de brigadeiro que eu comia todo mês, do pastel de quase todo sábado e dos jogos de vôlei da Superliga que eu assistia à noite quando não tinha nada melhor pra fazer (quase sempre). Mas acho que ainda vai demorar um pouco pra essas saudades aparecerem.

Sobre a vida aqui:
Apesar da francização não estar me acrescentando muito eu sinto um progresso diário no meu francês. Converso com o povo da aula, com a coloc, com os vizinhos, com o telemarketing... acho que é a confiança que cresce dia a dia. Semana passada uma québécoise falou que meu francês era ótimo. Fiquei muito feliz, mesmo achando que ela só tava querendo ser boazinha, mas é sempre bom ouvir elogios né.
Lógico que eu não entendo 100% do que o povo fala, ainda mais se for alguém com muito sotaque ou que carrega nas gírias, mas meu franceszinho tá dando pro gasto.
Tenho feito quase tudo em francês desde que cheguei. Só falei inglês aqui duas vezes, no banco, pois achei que era um assunto muito importante e eu não saberia me virar do jeito que queria em francês. Mas isso foi logo que cheguei. Depois foi francês, francês, francês, e português, bien sûr. Muito português.
Mas o mais estranho de tudo é o sentimento que estou tendo quando ando pelo centro e só ouço inglês. Eu começo a me sentir incomodada. Nunca pensei que sentiria isso, mas eu fiquei pensando: "caramba, to em Montréal e só escuto inglês por todos os lados."
E só pra deixar claro, eu sou a favor do bilinguismo. Mas confesso que ando me irritando um pouco quando estou em um ambiente e SÓ escuto inglês. Vai entender!

Tenho conhecido muita gente bacana aqui, a maioria brasileiros, e tentado aproveitar tudo o que a cidade oferece gratuitamente. Os programas pagos estão praticamente proibidos enquanto eu não estiver trabalhando. E olha que mesmo assim falta tempo pra curtir tudo. Todo fim de semana tem sempre algo rolando em algum parque, ou na Place des Festivals ou numa rua qualquer. Ah, e durante a semana também não faltam atividades. Desde que cheguei já fui em quatro museus, tudo de graça, (três foram graças à francização e um foi na Journée des musées montréalais), já vi showzinhos de bandinhas legais na Place des Arts, no Plateau, já peguei filminhos na biblioteca, estou lendo meu quarto livro, quando o tempo ajuda vou ao parque fazer caminhadas, fico paquerando as flores dos jardins alheios, enfim, nunca faltam coisas pra fazer. E se você tiver grana então, o céu é o limite.
Essa semana começa Francofolies, depois tem Festival de Jazz de MontréalMontréal complètement cirque, e por aí vai. Junho e julho vai ser difícil achar tempo pra dormir!

E por falar em dormir preciso comprar uma cama e todo o resto. Ultimamente estou como uma freak nos sites das lojas aqui, vendo tudo o que quero comprar pra minha casinha nova, que aliás poderá receber visitas em breve. Oba! Oba! Não vejo a hora de me mudar e deixar tudo do meu jeito, num apê limpinho e sem pelos de gato voando por todos os lados.

Quanto ao emprego, confesso que ainda não estou empenhada nisso. Me sinto culpada porque deveria estar procurando emprego de verdade, mas o fato é que não to conseguindo me concentrar nisso agora. Acho que só vou conseguir me empenhar de verdade depois que a francização terminar, daqui um mês. Tive até agora duas reuniões com a conseillère d'emploi mas não to gostando muito não. Ela não me escuta. Ela cismou que eu fazia um trabalho x no Brasil e não consegue parar um minuto pra me ouvir e entender o que eu realmente fazia. Tudo tem que ser totalmente regrado. Você precisa fazer as coisas exatamente do jeito que eles querem, só que eu não funciono assim. Detesto que me digam o que fazer e como fazer se eu não concordo com o que está sendo dito, ou se não existe ao menos uma forma de diálogo entre as partes. Sei que preciso trabalhar isso porque aqui minha vida profissional será muito diferente do que era no Brasil, mas enfim. Acho que o problema está acima de tudo em mim, que ainda não sabe o que quer direito da vida, e a conseillère precisa de objetivos claros para trabalhar, o que torna este processo todo mais difícil. Mas eu já imaginava que seria assim. Preciso de foco. E depois muito empenho e alguma sorte. À suivre...

E pra terminar fiquem com algumas fotinhos desses dois meses de Canadá, mais especificamente Montréal, porque eu ainda não saí da ilha.

Le Village
Belvédère Kondiaronk du Mont-Royal
Praticando francês na rua
Basilique Notre-Dame
Poutine com pepperoni do La Banquise
Calor de mais de 30ºC

À la prochaine mes amis!
Bisous!