segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Entrevista

Resolvi escrever este post pois finalmente vai haver nova rodada de entrevistas e quando foi a minha vez eu me lembro de ler avidamente todos os posts de todos os blogs que falavam alguma coisa sobre a bendita. Então, como nunca contei aqui como foi a minha entrevista, achei que meu relato poderia ser de alguma valia para algum aspirante a imigrante desesperado (como eu).

Québec: mentaliza essa cidade linda. Vai ficar mais fácil!

Felizmente eu tive sorte e só esperei 3 meses do dia em que enviei meus documentos para o BIQ até o dia em que apertei a mão do M. Leblanc. Minha entrevista foi dia 02 de junho de 2011, as 9 h da manhã. Como eu moro há 100 km de São Paulo, preferi ir na noite anterior e dormir lá do que correr o risco de pegar um mega congestionamento (muitas chances disso acontecer) e perder a entrevista. Lembro-me muito bem que durante o caminho eu fui escutando um monte de músicas bem animadas e mentalizando que tudo iria dar certo, que o Québec me queria, que era muito muito raro alguém não passar na entrevista e que eu tinha tudo sob controle. Jurava que não iria conseguir dormir aquela noite, mas dormi super bem. Na manhã seguinte eu cheguei no BIQ as 8h e não me deixaram entrar. Só 15 minutos antes. Fiquei na porta esperando, vendo o entra e sai das pessoas, a correria de São Paulo, uns tontos comentando que o Santos ia ganhar do Barcelona no Japão (eu não me esqueço dessa haha), e todo mundo que eu via com uma pasta entrando no prédio do BIQ eu ficava pensando se não estava lá também para a entrevista. Quando olhei no relógio já era 8h50 e eu subi. Cheguei no escritório e não havia mais ninguém lá. Sentei, esperei dois minutos e um senhor sai de uma sala e fala qualquer coisa que eu não entendi. Ele olhava para mim e fez um gesto de "aproxime-se". Eu levantei na mesma hora e fui em sua direção. Fiquei mega nervosa. O cara mal tinha aberto a boca e eu já não tinha entendido. Pensei: ferrou! Mas aí eu tentei ficar calma, pedi desculpas, disse que não tinha entendido o que ele havia falado e ele só tinha falado o meu nome. Me senti uma retardada mas tentei não deixar isso me abalar. Sentei e tentei agir o mais naturalmente possível. Ele foi bem direto e foi logo pedindo os documentos. Diferentemente de muitos eu não fiz uma mega pasta de 15 toneladas com toda a informação que eu tinha sobre o Québec. Eu só levei uma pasta com divisórias - para facilitar minha vida, com os documentos necessários dentro e algumas pesquisas que eu tinha feito (umas 5 ofertas de emprego diferentes, uns 3 anúncios de apto para alugar, um spreadsheet com todos os meus gastos para os primeiros 4 meses e só - sempre fui uma aluna meio relapsa apesar de muitos acharem que eu era CDF. Eu enganava bem, isso sim).
O primeiro documento que ele me pediu foi o passaporte. Ele viu que eu tinha passado um tempo no Canadá, perguntou onde, eu respondi Montréal, perguntou se eu tinha gostado, falei que sim por isso, aquilo e aquilo outro e ele já me pediu outro documento. Não lembro agora a sequência, mas foi algo super tranquilo. Ele pedia um documento, eu pegava na minha pastinha, ele digitava qualquer coisa no computador e devolvia o documento. Quando pediu pra ver meu comprovante de trabalho eu entreguei um calhamaço de papéis e eu percebi que ele ficou meio bem perdido. Acho que não é comum ter PJ como aplicante na categoria de travailleur qualifié. Percebi que ele olhava mas não entendia muita coisa. Eu mostrei onde estavam escritas as principais informações, ele olhou por mais uns 30 segundos e devolveu os papéis. Ele perguntou quais eram as minhas funções, do que se tratava a empresa, qual era o tamanho dela e tal, eu respondi, ele questionou algumas coisas, eu fui respondendo mas ele ia me interrompendo para perguntar outras coisas e no final eu acabei que não respondi quase nada direito.
Em seguida ele perguntou se eu falava inglês e pediu para eu responder em inglês porque eu queria morar no Québec. Voltou pro francês, pediu pra ver meu CV, pegou o lápis e começou a riscar umas coisas, fazer setas, escreveu sei lá o que (não entendi a letra!), começou a falar que no Québec é melhor colocar este tópico na frente do outro e bla bla bla, começou a me dar várias dicas de como escrever meu CV no estilo mais canadense e eu só pensei: se ele tá me dando dicas é porque c'est fini!
Ele continuou por mais uns 5 minutos e só então imprimiu o bendito CSQ, me deu uma porção de folhetos, o livrinho do Apprendre le Québec e os parabéns, é claro!

Montréal: meu sonhado novo lar

Não sei se com todo mundo foi assim, mas a minha entrevista foi super tranquila. O M. Leblanc (imagino que todos os outros entrevistadores também) fala bem pausado, dá pra entender bem e caso você não entenda alguma coisa, não há problema algum em pedir pra repetir a pergunta. Minha entrevista durou uns 35 minutos, mas em boa parte do tempo quem falou foi ele e não eu. Não sei se porque ele sabia que eu havia morado quatro meses em Montréal mas ele não me perguntou absolutamente nada sobre bairros onde eu gostaria de morar, custo de vida, quanto dinheiro eu iria levar, quanto eu iria gastar, nadica de nada. Só me perguntou brevemente que tipo de emprego eu iria procurar por lá.

Sei que é difícil não ficar nervoso numa hora tão importante mas se eu fosse dar um conselho, ele seria: lembre-se que você está lá para ser aprovado e não o contrário. O Québec quer você, precisa de você e se você foi chamado pra entrevista é porque você já está com meio pé lá. Eles só precisam checar se as informações que você forneceu são corretas e verdadeiras e precisam checar se o nível de francês/inglês que você informou é real. É lógico que algumas pessoas travam ao ficar nervosas e aí não sai mais nada. Mas se este é o seu caso treine antes. Fale sozinho. Fale com desconhecidos. Lembre-se que você está lá para ser aprovado e não reprovado. Pense positivo, agarre seu CSQ e comece a se preparar para a próxima batalha: a etapa federal!

Bonne chance à tous!
Bisous!

4 comentários:

  1. Que legal seu depoimento. Acredito que deva ser assim mesmo o nosso, mas só de ler sua experiência, já dá um friozinho na barriga.

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    1. Oi, obrigada por passar por aqui.
      Dá frio na barriga mesmo, mas é um friozinho gostoso, de felicidade. Fiquem tranquilos que vai dar tudo certo.
      Boa sorte!

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  2. Ola,

    Poderia compartilhar quais documentos de comprovacao de trabalho voce levou para a entrevista? Carta do contratante? Contrato da sua empresa com a empresa contratante?

    E a comprovacao de legalidade da experiencia? IR? Declaracao do INSS?

    Tambem sou PJ e isso eh umas de minhas principais duvidas no processo.

    Obrigado e boa sorte!

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  3. Olá Rafael,
    Não sei como é a sua empresa, no meu caso é uma ME, eu não tenho contratante pois minha empresa é um buffet, tenho fornecedores, funcionários, bla bla bla. No meu caso eu levei:
    - Requerimento de Empresário com o selo e carimbos da Jucesp (e todos os outros Requerimentos de Empresário com as alterações subsequentes;
    - Declaração de IR Pessoa Jurídica dos últimos 5 anos (no meu caso o DASN)
    - Guias do GPS (INSS) pagas dos últimos 6 meses
    (ele nem olhou estes documentos)
    - Também levei meu IR PF dos últimos 5 anos (também não olhou).
    Lembro que na palestra do BIQ que eu assisti o Gilles falou que quem era PJ tinha que levar notas fiscais da empresa/fornecedores etc, mas eu não enviei esse tipo de documento quando mandei meu dossie. Na entrevista eu apenas levei os originais dos documentos trabalhistas que eu já havia mandado como cópia via correio junto com o dossie.

    Espero que seja de algum auxílio!
    Boa sorte.

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